A importância das PMEs para a Transição Climática
- Vitor Candido

- 3 de out.
- 4 min de leitura
Das emissões originadas na cadeia de valor a estratégia corporativa de grandes empresas, a inclusão de PMEs na agenda de soluções climáticas é imprescindível para o cumprimento das metas climáticas.

Por anos, pequenas e médias empresas foram tratadas como irrelevantes ]na agenda de soluções climáticas. Porém, essa visão está ultrapassada e as PMEs estão emergindo como força fundamental da transição climática global.
Sem colocar pequenas e médias empresas no centro da mudança, grandes corporações não conseguirão cumprir compromissos climáticos, nem atender a novas demandas regulatórias que exigem dados precisos e ação concreta de junto a seus fornecedores.
Ou seja, as PMEs não estão na margem da solução. Elas estão no centro da transição climática.
Entendendo melhor o papel do Escopo 3
O Escopo 3 cobre todas as emissões indiretas ao longo da cadeia de valor de uma empresa. Enquanto os Escopos 1 e 2 representam as operações internas, o Escopo 3 se apoia em fornecedores, logística e uso do produto, áreas totalmente dominadas pelas PMEs.
Segundo a EPA, as emissões da cadeia de suprimentos são, em média, 11,4 vezes maiores que as emissões operacionais de uma empresa, representando cerca de 92% da pegada total. Além disso, um estudo da BCG/CDP de 2023 também mostrou que as emissões da cadeia de suprimentos foram 26 vezes maiores que os Escopos 1 e 2 combinados. Em diversos setores, o Escopo 3 geralmente responde por 70 a 90% do impacto climático.
Portanto, o ritmo de qualquer ação climática corporativa depende do desempenho e do engajamento da sua cadeia de fornecedores.
Por que as PMEs importam para as metas climáticas corporativas
As PMEs não são apenas mais um grupo de stakeholders. Elas são o motor que impulsiona o Escopo 3. Sem elas, estratégias climáticas se reduzem a planilhas sem execução. Nesse contexto, existem quatro dimensões críticas nas quais o engajamento das PMEs define se as corporações terão sucesso ou não em suas metas climáticas:
Compliance climático: Protocolos globais IFRS S2, o CBAM na União Europeia e o SBCE no Brasil exigem que empresas divulguem não apenas suas emissões diretas, mas também as de toda a sua cadeia de suprimentos. Como a maior parte do Escopo 3 está com PMEs, atender as demandas de compliance é literalmente impossível sem sua participação. Ou seja, empresas que não incluem seus fornecedores em suas estratégias climáticas correm risco de penalidades regulatórias, barreiras comerciais ou perda de acesso a mercados internacionais.
Gestão de riscos: Do preço do carbono a eventos climáticos extremos, os riscos se propagam pela cadeia de valor. Custos crescentes de transporte, fornecedores instáveis ou interrupções no fluxo de commodities aparecem no Escopo. Assim, as práticas das PMEs determinam se as corporações conseguem se proteger da volatilidade ou permanecem expostas a choques sistêmicos.
Eficiência em escala: Melhorias incrementais no sistema produtivo das PMEs criam efeitos em cascata em setores inteiros. O que parece pequeno isoladamente se transforma em milhões em economia e grandes reduções de emissões quando multiplicado por centenas de fornecedores.
Confiança e reputação com investidores: Investidores já não se satisfazem com divulgações apenas no nível corporativo. Ratings de ESG e fundos climáticos analisam cada vez mais se os fornecedores estão alinhados a trajetórias net zero. Engajamento fraco resulta em avaliações ruins, maior custo de capital e menor acesso a financiamento. e novos mercado. Para o investidor, o pior cenário possível.
Portanto, sem o engajamento das PMEs, não há progresso climático real. O futuro das estratégias corporativas depende menos das operações internas e mais da mobilização, apoio e integração das pequenas empresas em suas metas climáticas.
Um passo de cada vez, mas avançando
Uma estratégia de Escopo 3 só é credível quando grandes empresas e PMEs avançam juntas.
Para grandes corporações, o caminho começa ao focar no mapeamento dos fornecedores e categorias que representam a maior parte do Escopo 3, definir padrões claros de dados e integrar métricas de impacto climático an contratação de fornecedores. Mais que exigir números, é preciso oferecer caminhos e ferramentas aos seus fornecedores.
Para as PMEs, a tarefa é iniciar com uma linha de base simples, compartilhar avanços com seus clientes e garantir ganhos rápidos em eficiência e logística. Com o tempo, a precisão aumenta, a confiança se fortalece e a competitividade cresce.
Quando os dois lados se alinham, o Escopo 3 deixa de ser gargalo e se torna peça chave de no avanço da ação climática corporativa. Esse processo é desafiador, mas o uso da Inteligência Artificial, por exemplo, está mudando completamente essa realidade.
É exatamente aqui a Alga utiliza Inteligência Artificial Vertical para reduzir complexidade, automatizar a captura de dados e criar uma linguagem comum entre corporações e fornecedores, permitindo progresso mais rápido, custos menores e maior clareza :)
Palavra final
As PMEs não são espectadoras da transição climática. Elas representam o Escopo com maior participação nas emissões e seu engajamento define se as corporações vão alcançar suas metas climáticas ou fracassar.
A ação climática não pode ser privilégio de poucos, ela precisa fazer parte de cada contrato e em cada relação com fornecedores. As empresas que mobilizarem suas PMEs acelerarão a transição, e as PMEs que se engajarem conquistarão resiliência, crescimento e um lugar mais forte nas cadeias de valor globais, garantindo vantagens que vão desde a contratação de produtos financeiros, até a conquista de novos clientes.
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